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sábado, 26 de setembro de 2009

A MORTE DE CONNLA

Havendo um hiato entre esta história e a anterior, cabe-nos aqui fazer um resumo do que se passou.

Não podemos entretanto esquecer, que as lendas do Ciclo do Ulster, nas quais esta história se integra, são sequenciais.
Emer era uma bela jovem do Ulster, filha de pai poderoso, por quem Cúchulainn se apaixonara.

Ora, apesar de todo o valor que já demonstrara, Cúchulainn não caíra ainda nas boas graças do pai da moça que, não querendo impedir o rapaz de casar com a filha por ser quem era (sobrinho de rei), impôs, para dificultar, que ele tivesse que passar por treinos de aperfeiçoamento militar no talvez mais famoso campo militar, ou quartel, daquela época.

Esse campo ou quartel situava-se na Escócia, na ilha vizinha da Irlanda, o qual era comandado pela valorosa Scathach. Foi para lá que Cúchulaiin teve que se dirigir e passar muitos meses em treinos.

Mas Scathachac tinha uma irmã belíssima, Aoife, a cujos encantos Cúchulainn não resistiu…



A morte de Connla

Quando chegou a hora de deixar a Escócia para regressar ao Ulster e poder, finalmente, casar com Emer, depois de ter passado muito meses em treinos com a valente guerreira Scathach, como lhe tinha sido ordenado, Cúchulainn teve que deixar a bela Aoife, que, nessa altura, estava grávida dele.
À despedida, Cúchulainn entregou a Aoife um anel de polegar para o filho deles e recomendou-lhe que, quando nascesse, ele tivesse o nome “Connla” e que, quando fosse suficientemente
crescido, deveria ir treinar-se no quartel da sua tia, a guerreira Scathach.
Disse-lhe ainda que o garoto não deveria nunca dizer o seu nome a quem quer que fosse a não ser ao guerreiro que o conseguisse derrotar.
Sete anos depois, Connla chegou ao Ulster. Durante a viagem de travessia do mar entre as duas ilhas, treinava-se com a funda: acertava em aves marinhas com toda a precisão, apanhava-as inconscientes, esperava que acordassem e soltava-as para que pudessem continuar a voar em liberdade.
A notícia de que o rapaz estava para chegar espalhou-se rapidamente, chegando aos ouvidos dos mais importantes guerreiros e heróis do Ulster, os quais decidiram não o deixar desembarcar enquanto não ficassem conhecendo o nome dele.
À chegada, esperava-o Conall Cearnach, um dos mais valentes guerreiros do Ulster, que lhe ordenou:
– Diz-me o teu nome!
– Nem penses! Não direi o meu nome senão a quem me vencer em combate!
– Assim seja. Lutemos então – concordou Conall Cearnach.
Assistiu-se, então, ao inacreditável: uma criança a combater com um dos mais
temíveis guerreiros do Ulster!
Connla colocou uma pedra na sua funda e fê-la rodopiar com tal força que se
levantou um ruído imenso, como se fosse o som de uma ventania; e o barulho e a
deslocação do ar foram tão fortes que fizeram com que Conall Cearnach caísse, o que
Connla habilmente aproveitou, correndo para ele, ainda desorientado, e amarrando-o
com as correias do seu próprio escudo.

Como será fácil imaginar, os companheiros de Cearnach ficaram envergonhadíssimos.
Então, o Rei do Ulster ordenou a Cúchulainn que fosse combater o rapaz. Mas Emer, apercebeu-se do anel que a criança trazia no seu polegar e reconheceu-o como sendo do seu marido, o que a fez pensar que aquele poderia muito
bem ser filho dele e por esse motivo tentou evitar a luta. Porém, Cúchulainn não lhe deu ouvidos pois aquele rapaz tinha acabado de envergonhar os grandes heróis do Ulster e
começaram a lutar sem que nenhum soubesse do seu parentesco um com o outro.
Lutaram com espadas, primeiro, mas nenhum vencia o outro, combatessem onde combatessem: em cima de colunas de pedra ou dentro de água, ou na parte menos profunda
do lago.
A certa altura, quando Connla se preparava para atacar de frente o seu pai, Cúchulainn arremessou a Gae Bolga, trespassando e esfacelando com ela o corpo de Connla que, moribundo, deu, por fim, a conhecer o seu nome.
Cúchulainn desfez-se em lágrimas ao saber que havia matado o seu próprio filho!
Ao saber-se quem era o rapaz, todo o reino do Ulster chorou a sua morte e durante os três dias de luto ninguém ousou aproximar-se de Cúchulainn.
Gae Bolga: Arma mítica e única do seu género.
Trata-se, segundo a lenda, de uma arma arremessável, em forma de pequeno arpão, com trinta pontas aguçadas, feita com ossos de um monstro marinho. O arremesso desta arma tanto podia ser efectuado com as mãos como com os pés.

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