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sábado, 27 de junho de 2009

O RENASCIMENTO DO DRUIDISMO


Depois de enfrentar o imperialismo conquistador de Roma e a intolerância da igreja, o druidismo adormeceu por séculos, vindo a despertar em 1717, quando o irlandês John Toland, juntamente com o inglês John Aubrey, fundou a Druid Order.
Esta é a primeira de muitas ordens druídicas a surgir nessa época.
O tema atraiu tanto interesse que, décadas mais tarde, nomes de peso da literatura inglesa, como William Blake e posteriormente W.B. Yeats contribuíram de forma determinante para o ressurgimento do druidismo.
A princípio, ainda no século XVIII, as ordens druídicas nada mais eram do que variações da Maçonaria. Muitas dessas ordens nem possuíam princípios druídicos. Como ocorria com diversas tradições maçônicas, era importante criar um ‘pedigree’ que atestasse a antigüidade da ordem em questão.
Assim, surgiram interpretações fantásticas das origens do druidismo.
O próprio William Blake afirmava que os druidas descendiam de Abraão e que a Grã-Bretanha era a bíblica Terra Prometida. Como se vê, nesta fase o rigor histórico dava lugar a uma desesperada tentativa de se conciliar o cristianismo com uma pseudo-história fantástica e com tradições ocultas.
Em 1781, surge a Ancient Order of Druids (AOD), outra ordem que apostava na mesma fórmula cristianismo/druidismo/ ocultismo.
Seu fundador, Henry Hurle, inspirou-se claramente na maçonaria para desenvolver a AOD.
Ela ainda existe e conta atualmente com cerca de 3000 membros na Grã-Bretanha.
Mas a principal personagem do renascimento druídico do séc. XVIII ainda estava por aparecer. Edward Williams era um galês apaixonado pela cultura celta e possuidor de um profundo senso patriótico e fazia de tudo para dar ao povo galês uma identidade que contrastasse com a cultura imposta pelos ingleses.
Tudo mesmo - até forjar textos e tradições na tentativa de provar uma autenticidade celta em suas criações.
Williams ganhou notoriedade quando, em 1792, realizou um ritual de inauguração de sua Gorsedd (assembléia de druidas) em plena Londres.
A partir dali, Williams seria mais conhecido por sua alcunha: Iolo Morganwg.
Ele instilou nas diversas ordens druídicas de então o desejo de resgatar as tradições originais dos druidas celtas, o que despertou interesse para as pesquisas arqueológicas.
Os avanços das descobertas arqueológicas e antropológicas dos séculos XIX e XX trouxeram um novo fôlego a muitas dessas ordens que, amparadas nessas descobertas, conseguiram resgatar os elementos do druidismo histórico.
É graças a essa nova postura, mais séria e responsável, que em 1964 surgiu a Order of Bards, Ovates and Druids (OBOD).
Resgatando o druidismo celta e livrando-o de elementos estranhos (influências hindus e cristãs), seu fundador, Ross Nichols, foi instrumental para a consolidação do druidismo moderno.
Na década de 70, uma ordem irmã, a British Druid Order (BDO), foi fundada por Phillip Shallcrass.
Não demorou para ele dividir a liderança da BDO com uma carismática jovem druidesa chamada Emma Restall Orr, autora dos principais livros sobre druidismo da atualidade.
A ordem cresceu mundialmente, com druidas afiliados nos quatro cantos do mundo.
Emma fazia freqüentes viagens a diversos países para dar palestras, cursos e iniciações, e como o druidismo parecia crescer cada vez mais fora da Grã-Bretanha, ela decidiu, em maio de 2003, fortalecer o contato com outros países e ampliar as atividades mundialmente.
Para isso, ela criou a DruidNetwork, uma organização para unir grupos e indivíduos que sigam práticas druídicas – a DruidNetwork não é uma ordem ou grove.
Em 2002, a convite da editora Hi-Brasil e da Hera Mágica Cultural, Emma veio ao Brasil para apresentar seu trabalho em um workshop e uma série de eventos.
Pela primeira vez, o público brasileiro teve acesso direto a uma das principais lideranças do druidismo.
Atualmente, o escritor Claudio Quintino, um dos representantes da DruidNetwork no Brasil, dá continuidade a esse trabalho através de workshops, palestras, textos e artigos que apresentam o druidismo, suas características e sua profunda validade a mais e mais interessados.
Chegamos assim aos dias atuais.
Através de mais de três milênios de história, a longa e sinuosa estrada do druidismo desemboca à nossa frente.
Uma estrada por vezes clara, por vezes não mais do que uma trilha, por vezes duplicada, por vezes impossível de trilhar.
Acima de tudo, porém, o druidismo atual é uma tradição espiritual válida, pois soube evoluir e se adaptar às necessidades de seu tempo.
Como diz Jean Markale em Les Druides, "o que sobreviveu foram os princípios do druidismo, pois estes jamais poderiam desaparecer. E a partir deles surge a busca apaixonada do neo-druidismo.”
E como diz Emma Restall Orr em “Ritual”:
-“o druidismo é uma espiritualidade profundamente arraigada na terra, mas que se renova a cada novo amanhecer. É uma tradição que honra nosso mundo, os mundos interno e externo, os espíritos da terra, do mar e dos céus, os espíritos de nossos ancestrais; é uma filosofia que possui em sua essência a exploração da relação sagrada, de espírito para espírito.
Claudio Quintino Crow
escritor e instrutor de druidismo

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